Bêbados, psicanalistas, sexo e noites insones; Ovos mexidos, diálogos pós-morte e pessoas que têm merda na cabeça; Animais da fazenda, Afrodescendentes cheios de lascívia e pescarias. É isso que você encontra por aqui.

quarta-feira, 20 de maio de 2009 O Tempo

Imutável, indelével, indiferente e doce tempo. O tempo é um déspota barbudo sem escrúpulos e com transtorno obsessivo-compulsivo. "Tudo em seu devido lugar e, no final, tudo se ajeita" ele diz, enquanto observa o mundo sendo consumido pelas chamas, com direito a visão panorâmica e um saco de pipocas amanteigadas.

Talvez o fato mais belo em relação ao Tempo é que ele existe. Eu sei, eu sei, e como consequência, nós existimos. Os irmãos siameses Contínuo Espaço-Tempo já pediram desculpa por essa cagada, mas pensem no lado positivo: pensem na Scarlett Johansson. (as garotas podem pensar em mim, por outro lado). (Se quiserem, claro).

A questão é: por mais que , o Tempo não vai nos dar uma chance. Não podemos voltar atrás pra jogar a velhinha do trem, apertar fast-forward nas ressacas homéricas ou usar o quadro-a-quadro nas tardes românticas na Prainha. E, pra piorar, a civilização deu a luz à Responsabilidade, que ao mesmo tempo em que organiza e estrutura o castelo de cartas da nossa sociedade, nos espreme entre intervalos de almoço e horas-extra. O tempo que nos satisfaz é o tempo livre, mas a menos que seja um mendigo ou o Tarzan
, obviamente, você não dispõe dele com tanta frequência quanto gostaria.

Se fosse gente, seria confundido com um garotinho autista auto-suficiente: "Rá! Aquele garotinho autista auto-suficiente? Ele não pode brincar com a gente agora... Está ocupado demais causando toda a existência".

Mas pensar que o tempo é um vilão apenas porque não está nem aí para o que você faz com ele é besteira. Na verdade, o tempo é como um vizinho chato: é mais sensato ignorá-lo quando este implica com o volume da guitarra do que xingá-lo sabendo que vai perder a cabeça por alguém que não pode te escutar simplesmente porque grita mais alto. A sabedoria está em acompanhá-lo e compreender que escolhas são feitas no "agora"; e o "depois", tanto quanto foi o "antes" são apenas consequências disso.

Culpem o mordomo, xinguem a mãe, blasfeme pra Deus, reclame da política externa do governo, atire no xerife, chute o computador, quebrem o pacto de Genebra, DESLIGUE A TV, mas deixem o coitado do Tempo em paz.

Se corrermos, tropeçamos e caímos de cara no chão de um jeito que apenas as mais armadas videocassetadas poderiam mostar. Se esperarmos para que alguma coisa aconteça, acabamos sozinhos, sentados na frente da TV, expostos ao Gugu, ao BALÂÂÂNÇAA!!1!, à Tecpix-preço-de-um-cafezinho e quaisquer outras mazelas que a caxinha do demônho propagar. Mas que o ser humano vai aprender, ah... Ele vai. Afinal, temos t-o-d-o o Tempo do mundo pra isso.

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