Bêbados, psicanalistas, sexo e noites insones; Ovos mexidos, diálogos pós-morte e pessoas que têm merda na cabeça; Animais da fazenda, Afrodescendentes cheios de lascívia e pescarias. É isso que você encontra por aqui.

domingo, 25 de abril de 2010 Manual da primeira sacanagem

Aqui está um manual básico de como reagir a primeira esperiência sexual. Afinal de contas, não é todo mundo que teve a sua primeira vez durante um ritual ocultista para Abramelin regado a ayahuasca.

Essa coisa toda de virgindade e seus tabus só confunde a mente dos jovens - que diga-se de passagem, é uma bosta fervilhando ideias - criando um receio para expandir seus horizontes sexuais. Tudo na horizontal.
Esqueça tudo que você já leu sobre sacanagem e guarde apenas esses ponto aqui ditos.

Boys: As mulheres, ao contrário do que você os fundamentalistas muslins pregam, devem sentir prazer na hora da putaria. Não dê uma de miojinho e acabe tudo em 3 minutos, lembre-se que existe outra pessoa com você pedindo prazer sexual. Se você está prestes a ter um orgasmo precoce pense em coisas broxantes, tipo as varizes da sua tia-avó ou na economia emergente de mercado. Caso contrário é bem provável que você fique na mão na próxima, se é que você me entende (punheta).

Girls: Sim, os homens só pensam naquilo, como diria a saudosa Dona Rosinha. Faça a vontade crescer dentro dele e diga não... só durante um tempo. Mas depois na hora do tchãn não fique estática de pernas abertas esperando que ele faça tudo; pule, grite, fale sacanagem. Tome a iniciativa se estiver afim. Convide aquela sua amiga gostosa que tanto falam - hoje vivemos numa sociedade liberal e como diz o bom ditado, quanto mais, melhor. Lembre-se: se o cara broxou a culpa é toda sua, quer dizer que você não o fez sentir-se a vontade no ato. Prazer oral nessa hora é o melhor remédio.

Camisinha é uma bosta, mas você deve usar sim.
Lembre-se: sexo é saúde, suor & sacanagem.

Em outros casos procure o Boston Medical Group.

quinta-feira, 4 de março de 2010 Monotonia

Muita coisa escrita em itálico pode descrever a persona que é o Glauco. De Guitar man Dynâmico à magna cum laude em direito. O que importa mesmo é que o rapaz é a minha maior influência em quesitos como aspirações, estilo de vida e gosto por arte, principalmente pela música e humor. Feitas as honras, apresento-lhes um poema que ele gentilmente pediu-me para publicar aqui: chama-se "Monotonia"; é dito que foi escrito com ajuda de certa "inspiração boêmia", por assim dizer.

Monotonia

Uma puta e um corno forte
Minh’alma não é do norte
Não cresci jogando a sorte
Cala boca e agüenta o corte

(Monotonia...)

A mulher queria falar
Mas não pôde coisa alguma explicar
O maridão tentou matar
A puta alegre que começou a dar

(Monotonia...)

O padre rezou uma missa
O cara enfiou a piça
No caixão de madeira maciça
Onde estaria a roliça

(Monotonia...)

Ninguém mais entendeu
A puta não se vendeu
O defunto em que se meteu
Era o fortão que se rendeu

(Monotonia...)

Um corte levou no braço
O amante que num talagaço
Partiu o corno em pedaços
E criou todo estardalhaço

(Monotonia...)

Mas eu matei a poesia
Com esses versos de rima vazia
Transformaram-se numa heresia
Mas acabam sendo monótonos


Glauco da Rocha
26/01/2010

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010 TRIO, episódio 1: "-Três camas de solteiro, por favor."

Férias na praia: Caio, Paulo e Pedro alugam um apartamento numa cidade vizinha no litoral. A experiência de sentirem-se livres e responsáveis por eles mesmos em uma cidade estranha dá a esse episódio a sensação da maturidade a caminho. Não que eles se importem com toda essa bobagem de "criar responsabilidade"... Pelo menos, não por enquanto. Ainda que lhes sobrassem tempo pra crescer, o estômago agora rugia e a fome era grande. O futuro dos três dependia de uma decisão: Quem vai comprar a comida?

O cheiro da dúvida que infesta o apartamento de 25m² só não é mais forte que o desespero de sentir o nada sendo digerido pelo intestino. E a dúvida, caro leitor, não cheira bem.


-... Vai tu então, Pedro.
-Mas o quequê que que é isso?
-Vai tu buscar um dog pra gente. Tem aqui 15 pilas, traz o troco COM a notinha, tu não vai nos engambelar de novo.
-Tá louco! To muito cansado, cara... Caminhei pra caramba, hoje.
-Onde tu foi?
-Eu saí por aí.
-Podia ter trazido comida...
-Não sabia que vocês queriam comer, ué!
-Pedro, são 8 da noite. Desde a uma e meia, quando a gente saiu da praia, eu venho dizendo que tô com fome.
-E por que TU não foi buscar comida?
-Não tive tempo.
-Mas tu tava fazendo o quê, Caio? A gente saiu da praia e veio direto pra cá, quando chegamos, tu já tava aqui.
-Eu tava resolvendo umas coisas...
-'áteamerda... Um sai "por aí" e o outro vai resolver "coisas"... A gente parece que não conversa, só troca informações vagas. 'ôrra, a gente planejou tudo juntos! Quem sabe eu também não saio pra "armar uns troços".

-... Na volta traz uns dog pra galera.
-É, isso aí! Traz troco de bala, pode ser.
-Não tava falando disso... Quero dizer que vocês não tão tendo o sentimento de viver em conjunto nem de companheirismo que eu tinha em mente pra essa viagem...
-Cara... Tu tá certo.

-Ah, sei lá, né meu... Eu paguei 6 pilas pra vaquinha da janta! O Caio mal deu 4, tu devia dizer isso pra ele...
-É, mas eu paguei a cerveja ontem...
-Eu não bebi cerveja ontem, cara.
-É, nem eu...
-Ah, sei lá. Lembro de ter bebido e de ter pagado, eu devo ter oferecido pra vocês.
-Ofereceu, sim. Ligou às 3 horas e 12 da madruga e disse: "Tô aqui numa festa no outro lado da cidade, tá um troço muito louco, vem pra cá!"
-Viu? Eu não lembro disso, mas lembrei de vocês na hora...
-Calma, não terminei... "Como? Vocês não tem carona? Pega um táxi! Ah, espera... Tinha um dinheiro ali em cima e eu peguei que tava sem trocado, hehe... Mas ainda dá pra vir a pé, é pertinho, eu acho. Espera... Hmm... Sei. Aparentemente é uma festa fechada. A gente se vê amanhã, falou."

-Então foi isso?

-É, 5 horas depois, o pedro saiu pra surfar e te encontrou só de cueca na praia.
-Daí tu me trouxe a bermuda, aquela?
-Na verdade, tentei te acordar antes. Gritei, empurrei teu ombro, te dei uns tapas no rosto, uns bem fortes, até, e depois desisti. Voltei pra buscar a bermuda e a camiseta.
-Desistiu?
-Na verdade, derrubei a prancha em cima de ti e saí correndo, porque pensei que tu ía acordar. Mas aí tu não--
-DERRUBOU A PRANCHA EM MIM?!?
-Ah, foi sem querer, eu ía te dar uns chutes e deixei ela em pé na areia, quando vi só deu o "pá!"
-Mas que merda, e não falou nada? Tu podia ter me dado uma concussão, eu podia ter morrido e tu saiu correndo?
-O importate é que tu tá inteiro, meu, e aqui com a gente... Tu só vê o lado ruim...
-Humpf... Tá, vamo vê logo quem vai lá.

-Eu peguei o café da manhã, tô fora.
-Eu fiz o almoço. E sequei a louça de ontem. Tô com crédito na casa.
-Fui eu quem-- Esperaí, CAFÉ DA MANHÃ?!?
-É, na praia...
-Eu não comi nada na praia, cara...
-Nem me ofereceram nada, meu cérebro e fígado tavam em off, e eu só na agüínha mineral de canudinho.
-Ah, eu ofereci pra vocês, sério.
-Acho que não, cara, eu não lembro de ter comido coisa alguma.
-É.

-Não, cara... Peguei um picolé e coloquei na tua frente. Na verdade foram três. "Três deliciosos picolés por apenas um real. Compre neste carro que está passando perto de você. Picolés DuPólo." Tinha um pra cada um.
-Tu tá falando sério?
-Claro! Eu ainda pensei: "Um pra cada, os guris vão querer me pagar um monte de coisa depois."
-Tu me ofereceu um de milho verde, caramba.
-E daí?
-Tu comeu o de morango e de abacaxi.
-Eu não gosto de picolé de milho verde. Não há ser humano que entre numa sorveteria e peça picolé de milho verde, não há.
-Tu me disse que era o único que tinha! Eu que não ía comer aquilo!
-Tá bom, amanhã pego um picolé de qualquer sabor pra cada um, tá feito?

-Ok, mas amanhã é amanhã, e eu tô morrendo de fome agora!
-Eu to arrotando de fome, meu! To sentindo meu estômago encolher! Eu acho que não to sentindo minhas extremidades, meu cabelo... Já to sentindo a vida desaparecendo do meu corpo!!! Preciso de glicose, sal, vitaminas e nutrientes necessários pra viver, com uma salsicha no meio e molho de tomate... Ah, meu, vão buscar logo...
-Vamo fazê o seguinte, então: pegamo o número da lancheria e ligamo pra trazer pra cá, é o jeito mais prático; só que, obviamente, o mais caro também.

-Então?
-Então liga, alguém sabe o número?
-Pior que nem tem lista telefônica aqui... Ô Pedro... Dá uma olhada ali da janela...
-Como assim?
-Só pega o número da placa.
-Como assim?! Mas só da pra ver do outro lado da rua...

-A placa da lancheria que fica do outro lado da rua.

-Tu tá falando que tem uma lancheria do outro lado da rua? E ninguém quer atravessar ali e pegar alguma coisa? E NÃO tá chovendo? Algum de vocês é foragido da polícia ou algo assim?
-É. Por quê? Tu iria?
-Claro que não! Eu botei 6 pilas pra vaquinha do Dog, tenho certos direitos...

-Pega o número, Pedro.
-'Cês tão achando que eu tenho cara de Office boy, estagiário, corinho?
-Com essa preguiça e essa barba mal feita, tu nos dá motivos...
-Tá, liga aí:TRÊS-SEIS-VINTE E TRÊS-QUATRO-OITO-NOVE.

-Aham, aham... Pedro?

-Oi.

-Que mais?

-Mais o quê?

-O resto.

-De quê?

-De que O QUÊ, CARALHO! Falta um número da lancheria.
-Ah, tá, tá... Mas eu não sei qual é.
-Não sabe como, cacete?!? Fugiu da escola em que série?
-Haha... Tem uma árvore na frente. Não tem jeito. Já tentei as outras janelas daqui, não dá pra ver.
-Mas que droga!
-Ah, não, meu!
-Báh, é isso... Morri, cara, não to aguentando, chama um padre e me dá uma extrema unção... Digo, chama uma prostituta e me dá a últimazinha, quero morrer como um homem deve morrer.
-Pára, olha só... São 10 números, se a gente tentar a sorte, dá pra acertar.
-Eu não tenho mais cartão no celular.
-Nem eu.
-O meu estragou. Eu botei na geladeira depois de uma festa, semana passada. Não perguntem.
-Tão fácil e ao mesmo tempo tão difícil, 'cês pararam pra pensar nisso?
-Não, acho que o meu cérebro tá sendo digerido pra me dar mais alguns segundos de vida antes de eu estrebuchar de inanição. Sério, não sinto minhas amídalas! Ah, espera, eu tirei elas ano passado.

-Acho que eu vou dormir.
-Acho que eu vou ligar pra virem me buscar.
-Acho que eu não vou resistir mais, cara... Vou fazer um Miojo, mesmo, foi mal, caras. Não pensei que fosse tão fraco.
-Nããão, meu! Isso é só pra emergências de verdade, e se a gente ficar sem comida um dia desses?
-Esquece, na próxima eu busco comida. Hoje não, hoje não.

-Tá, faz pra três.

Pedro levanta e liga o fogão. Coloca a água numa panela e tira os pacotes de macarrão instantâneo do armário, agora barriga ronca mais alto do que a tevê. 5 minutos e meio. Todos comem. Seguem três suspiro e um arroto. Paz na terra, novamente; não há guerra, não há mortes e as criancinhas africanas não trabalham como escravas para a Nike. A vida é bela e colorida novamente e tudo tem uma solução neste mundo: Miojo.

-Bá, cara, não tava aguentando. Juro que mais dois minutos e eu teria ido buscar alguma coisa na lancheria...