Bêbados, psicanalistas, sexo e noites insones; Ovos mexidos, diálogos pós-morte e pessoas que têm merda na cabeça; Animais da fazenda, Afrodescendentes cheios de lascívia e pescarias. É isso que você encontra por aqui.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009 Poema do Paulo

Saudosista, niilista, preguiça
Ateu, apogeu, filisteu
surpreso quando leu numa revista
que o mais tenso filósofo, sou eu

Se numa partida de taco
sobra-lhe graça e esquivez,
enxágua-lhe o sovaco
e o suor escorre pela alva tez

Desencorajado nos anos de infância
Um culto só, em meio à ignorância
A cidade de merda em que uma vez nasceu
Lá no litoral, onde mora algum primo seu

A revolução chegou de fato com a sua chegada
Pra começar, tapou os buraco da estrada
Usando uma escova e um balde d'água
Lavou muros e as paredes lá pichadas

Varreu a areia da praia,
contruiu algumas dunas
Mas fez isso num piscar;
Voltou a tempo de fazer as unhas

Leva a vida na labuta árdua
Mas não esquece de sorrir da dor;
Aquece o coração dos outros
Com o toque do seu desfibrilador

De grão em grão,
A galinha enche o papo
De verso em verso,
Essa estrofe enche o saco

Água mole em pedra dura,
tanto bate até que fura.
(Estes versos foram censurados. Mas dou-lhes uma dica:
use um trocadilho, porque estas rimas não são ricas)

Em meio aos seus miolos,
teias e morcegos, pequenos dejetos animais
Mostrando que por debaixo dos cabelos
Seu cérebro, já não usa mais

terça-feira, 4 de agosto de 2009 Qual é o problema da amnésia?

"Eu estava fazendo qualquer coisa, e então, seja lá qual foi o motivo, esqueci por que fazia aquilo. Aí pensei: eu nunca pensei nisso. Eu fazia isso sempre, mas só agora eu parei pra pensar se aquilo era realmente necessário para a minha vida.(...)"

-Certamente você já ouviu algum relato assim... Viu? esse é um dos problemas da amnésia, a pessoa perde a consciência até do por que executa uma tarefa mundana e--NÃO? Nada assim nunca? Mesmo, tem certeza? É que eu ia falar sobre... Ah, então deixa pra próxima, ok? Aham. Aham. A gente se fala, tchau. Abraço. Sim, sim. Tudo bem. Ok, vou desligar agora, tá bom? Tá, tá. Tchau.
Clic.
---------------------------------------------------------------------------------------------------
Eu estava escovando qualquer dente e, de repente, seja lá qual foi o motivo, pensei na seguinte cena:
-Por favor, poderia me ajudar aqui? Obrigado. (Um escultor, artista plástico, algo assim.)
-Sim, senhor, disponha. (Alguém com aparência de velho, com a barba branca, um chapéu-côco e óculos de lentes redondas.)
-Está ficando bonito, hã? (Limpando o suor da testa.)
-É, é mesmo... Quando ficar pronto então... Fiu! Mas... Por que mesmo você está construindo esta estátua? (esgueirando-se atrás do artista plástico. Com uma chave-inglesa em riste , na sala de estar, o Cel. Mostarda.)
-É que--Páw!... (depois de um tempo, levanta com dificuldade.)
-(roubando a carteira do artista. Acha apenas uns trocados.) Seu maluco! Todos vocês! Malucos!(e sai correndo)

O que acontece a seguir é que o artista perde a memória. Vendo-se sujo de argila e a peça na sua frente, ele assimila que estava esculpindo-a. Algum tempo depois, alguém muito rico a compra. Quando um grupo de repórteres chega em sua casa e vêem aquela bela obra retorcida, o perguntam o que a aquilo significa. Ele diz que é "a situação abstrata da psique humana em confusão absoluta". O repórter pergunta se quem o fez estava só bêbado e tinha esquecido completamente por que tinha esculpido aquilo. O ricaço pára pra pensar e diz: "Porra! Então é isso!" Aí eles voltam de carro até o local onde o escultor estava e, de fato ele ainda estava lá. O Ricaço pega e atira a escultura na cabeça do homem, que desfalece por alguns instantes.

-Quem sou eu? (ainda no chão, para um adolescente de 17 anos que não parece ser de confiança)
-Você? Hum...(com um sorriso sacana no rosto) Seu nome é José de Arimatéia. Você é corno, o filho da sua mulher não é seu.
-Ah! Droga! Maldita!
-Ah, e mais uma coisa!
-O que é?
-Você é dançarino de strip tease, e trabalha naquela boate no final da rua. Você também--
-O quê?!?
-Quer a informação ou não? Caramba!
-(quase chorando, decepcionado, sentindo como tivesse recém reencarnado e tinha esperanças de voltar como algum nobre ricaço.) Droga! Tudo bem, abra o bico, rapaz!
-Hmm... Você também faz programas quando não está lá. Eu sei disso porque me disseram. E você não conhece minha mãe.
-EU FAÇO O QUÊ?! Caramba, o que eu-- Como é que-- Por que eu nunca... Droga, acho melhor parar de resmungar e voltar para o trabalho, então. Até mais garoto. Desculpe pelo seu tempo. (se vira e começa a andar na direção de uma casa noturna.)
-Foi um prazer ajudá-lo, panaca...(caminhando para o outro lado)
-Como é que é?
-Nada nada, só disse que pra não se perder, você deveria seguir aquela placa...(E sai, definitivamente)
-Hmm. Algo não me cheira bem aqui. Mas que posso fazer? Sou apenas mais uma vítima do estrangulamento dos menos-capacitados para posições administrativas em detrimento do desenvolvimento econômico da sociedade moderna, sou um fruto da luta de classes que marginaliza pessoas e discrimina-as por suas ocupações. Putzalavida... Tomara que na próxima encarnação eu não nasça socialista. Aí estaria no fundo do poço de vez.

Aproveitadores fanfarrões.
Esse é outro problema da amnésia

------------------------------------------------------------------------------------------------

Punheta

Quando a vejo, uma explosão
Em minha calça, uma festa.
Não há chance alguma, ela atesta
D'eu estar nela, em seu coração.

- Foi só umazinha - ela diz.
Mas por entre colchas & coxas
Em meio a ais e poxas, penso eu:
- Com ela, queira eu, poder ser feliz.

De seu sorriso de Vênus e boca macia
De uma volúpia majestosa
Daquela fabulosa goza
Donde o som saía, daquela que gemia.

De que me vale, suspirar em vão
Na noite fria de inverno, sozinho
Me perder, com ela no inferno
Quando aqui, meu consolo é minha própria mão.