Comunidade no Orkut: Hail to the King, baby - Blog
Bêbados, psicanalistas, sexo e noites insones; Ovos mexidos, diálogos pós-morte e pessoas que têm merda na cabeça; Animais da fazenda, Afrodescendentes cheios de lascívia e pescarias. É isso que você encontra por aqui.

domingo, 25 de abril de 2010 Manual da primeira sacanagem

Aqui está um manual básico de como reagir a primeira esperiência sexual. Afinal de contas, não é todo mundo que teve a sua primeira vez durante um ritual ocultista para Abramelin regado a ayahuasca.

Essa coisa toda de virgindade e seus tabus só confunde a mente dos jovens - que diga-se de passagem, é uma bosta fervilhando ideias - criando um receio para expandir seus horizontes sexuais. Tudo na horizontal.
Esqueça tudo que você já leu sobre sacanagem e guarde apenas esses ponto aqui ditos.

Boys: As mulheres, ao contrário do que você os fundamentalistas muslins pregam, devem sentir prazer na hora da putaria. Não dê uma de miojinho e acabe tudo em 3 minutos, lembre-se que existe outra pessoa com você pedindo prazer sexual. Se você está prestes a ter um orgasmo precoce pense em coisas broxantes, tipo as varizes da sua tia-avó ou na economia emergente de mercado. Caso contrário é bem provável que você fique na mão na próxima, se é que você me entende (punheta).

Girls: Sim, os homens só pensam naquilo, como diria a saudosa Dona Rosinha. Faça a vontade crescer dentro dele e diga não... só durante um tempo. Mas depois na hora do tchãn não fique estática de pernas abertas esperando que ele faça tudo; pule, grite, fale sacanagem. Tome a iniciativa se estiver afim. Convide aquela sua amiga gostosa que tanto falam - hoje vivemos numa sociedade liberal e como diz o bom ditado, quanto mais, melhor. Lembre-se: se o cara broxou a culpa é toda sua, quer dizer que você não o fez sentir-se a vontade no ato. Prazer oral nessa hora é o melhor remédio.

Camisinha é uma bosta, mas você deve usar sim.
Lembre-se: sexo é saúde, suor & sacanagem.

Em outros casos procure o Boston Medical Group.

quinta-feira, 4 de março de 2010 Monotonia

Muita coisa escrita em itálico pode descrever a persona que é o Glauco. De Guitar man Dynâmico à magna cum laude em direito. O que importa mesmo é que o rapaz é a minha maior influência em quesitos como aspirações, estilo de vida e gosto por arte, principalmente pela música e humor. Feitas as honras, apresento-lhes um poema que ele gentilmente pediu-me para publicar aqui: chama-se "Monotonia"; é dito que foi escrito com ajuda de certa "inspiração boêmia", por assim dizer.

Monotonia

Uma puta e um corno forte
Minh’alma não é do norte
Não cresci jogando a sorte
Cala boca e agüenta o corte

(Monotonia...)

A mulher queria falar
Mas não pôde coisa alguma explicar
O maridão tentou matar
A puta alegre que começou a dar

(Monotonia...)

O padre rezou uma missa
O cara enfiou a piça
No caixão de madeira maciça
Onde estaria a roliça

(Monotonia...)

Ninguém mais entendeu
A puta não se vendeu
O defunto em que se meteu
Era o fortão que se rendeu

(Monotonia...)

Um corte levou no braço
O amante que num talagaço
Partiu o corno em pedaços
E criou todo estardalhaço

(Monotonia...)

Mas eu matei a poesia
Com esses versos de rima vazia
Transformaram-se numa heresia
Mas acabam sendo monótonos


Glauco da Rocha
26/01/2010

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010 TRIO, episódio 1: "-Três camas de solteiro, por favor."

Férias na praia: Caio, Paulo e Pedro alugam um apartamento numa cidade vizinha no litoral. A experiência de sentirem-se livres e responsáveis por eles mesmos em uma cidade estranha dá a esse episódio a sensação da maturidade a caminho. Não que eles se importem com toda essa bobagem de "criar responsabilidade"... Pelo menos, não por enquanto. Ainda que lhes sobrassem tempo pra crescer, o estômago agora rugia e a fome era grande. O futuro dos três dependia de uma decisão: Quem vai comprar a comida?

O cheiro da dúvida que infesta o apartamento de 25m² só não é mais forte que o desespero de sentir o nada sendo digerido pelo intestino. E a dúvida, caro leitor, não cheira bem.


-... Vai tu então, Pedro.
-Mas o quequê que que é isso?
-Vai tu buscar um dog pra gente. Tem aqui 15 pilas, traz o troco COM a notinha, tu não vai nos engambelar de novo.
-Tá louco! To muito cansado, cara... Caminhei pra caramba, hoje.
-Onde tu foi?
-Eu saí por aí.
-Podia ter trazido comida...
-Não sabia que vocês queriam comer, ué!
-Pedro, são 8 da noite. Desde a uma e meia, quando a gente saiu da praia, eu venho dizendo que tô com fome.
-E por que TU não foi buscar comida?
-Não tive tempo.
-Mas tu tava fazendo o quê, Caio? A gente saiu da praia e veio direto pra cá, quando chegamos, tu já tava aqui.
-Eu tava resolvendo umas coisas...
-'áteamerda... Um sai "por aí" e o outro vai resolver "coisas"... A gente parece que não conversa, só troca informações vagas. 'ôrra, a gente planejou tudo juntos! Quem sabe eu também não saio pra "armar uns troços".

-... Na volta traz uns dog pra galera.
-É, isso aí! Traz troco de bala, pode ser.
-Não tava falando disso... Quero dizer que vocês não tão tendo o sentimento de viver em conjunto nem de companheirismo que eu tinha em mente pra essa viagem...
-Cara... Tu tá certo.

-Ah, sei lá, né meu... Eu paguei 6 pilas pra vaquinha da janta! O Caio mal deu 4, tu devia dizer isso pra ele...
-É, mas eu paguei a cerveja ontem...
-Eu não bebi cerveja ontem, cara.
-É, nem eu...
-Ah, sei lá. Lembro de ter bebido e de ter pagado, eu devo ter oferecido pra vocês.
-Ofereceu, sim. Ligou às 3 horas e 12 da madruga e disse: "Tô aqui numa festa no outro lado da cidade, tá um troço muito louco, vem pra cá!"
-Viu? Eu não lembro disso, mas lembrei de vocês na hora...
-Calma, não terminei... "Como? Vocês não tem carona? Pega um táxi! Ah, espera... Tinha um dinheiro ali em cima e eu peguei que tava sem trocado, hehe... Mas ainda dá pra vir a pé, é pertinho, eu acho. Espera... Hmm... Sei. Aparentemente é uma festa fechada. A gente se vê amanhã, falou."

-Então foi isso?

-É, 5 horas depois, o pedro saiu pra surfar e te encontrou só de cueca na praia.
-Daí tu me trouxe a bermuda, aquela?
-Na verdade, tentei te acordar antes. Gritei, empurrei teu ombro, te dei uns tapas no rosto, uns bem fortes, até, e depois desisti. Voltei pra buscar a bermuda e a camiseta.
-Desistiu?
-Na verdade, derrubei a prancha em cima de ti e saí correndo, porque pensei que tu ía acordar. Mas aí tu não--
-DERRUBOU A PRANCHA EM MIM?!?
-Ah, foi sem querer, eu ía te dar uns chutes e deixei ela em pé na areia, quando vi só deu o "pá!"
-Mas que merda, e não falou nada? Tu podia ter me dado uma concussão, eu podia ter morrido e tu saiu correndo?
-O importate é que tu tá inteiro, meu, e aqui com a gente... Tu só vê o lado ruim...
-Humpf... Tá, vamo vê logo quem vai lá.

-Eu peguei o café da manhã, tô fora.
-Eu fiz o almoço. E sequei a louça de ontem. Tô com crédito na casa.
-Fui eu quem-- Esperaí, CAFÉ DA MANHÃ?!?
-É, na praia...
-Eu não comi nada na praia, cara...
-Nem me ofereceram nada, meu cérebro e fígado tavam em off, e eu só na agüínha mineral de canudinho.
-Ah, eu ofereci pra vocês, sério.
-Acho que não, cara, eu não lembro de ter comido coisa alguma.
-É.

-Não, cara... Peguei um picolé e coloquei na tua frente. Na verdade foram três. "Três deliciosos picolés por apenas um real. Compre neste carro que está passando perto de você. Picolés DuPólo." Tinha um pra cada um.
-Tu tá falando sério?
-Claro! Eu ainda pensei: "Um pra cada, os guris vão querer me pagar um monte de coisa depois."
-Tu me ofereceu um de milho verde, caramba.
-E daí?
-Tu comeu o de morango e de abacaxi.
-Eu não gosto de picolé de milho verde. Não há ser humano que entre numa sorveteria e peça picolé de milho verde, não há.
-Tu me disse que era o único que tinha! Eu que não ía comer aquilo!
-Tá bom, amanhã pego um picolé de qualquer sabor pra cada um, tá feito?

-Ok, mas amanhã é amanhã, e eu tô morrendo de fome agora!
-Eu to arrotando de fome, meu! To sentindo meu estômago encolher! Eu acho que não to sentindo minhas extremidades, meu cabelo... Já to sentindo a vida desaparecendo do meu corpo!!! Preciso de glicose, sal, vitaminas e nutrientes necessários pra viver, com uma salsicha no meio e molho de tomate... Ah, meu, vão buscar logo...
-Vamo fazê o seguinte, então: pegamo o número da lancheria e ligamo pra trazer pra cá, é o jeito mais prático; só que, obviamente, o mais caro também.

-Então?
-Então liga, alguém sabe o número?
-Pior que nem tem lista telefônica aqui... Ô Pedro... Dá uma olhada ali da janela...
-Como assim?
-Só pega o número da placa.
-Como assim?! Mas só da pra ver do outro lado da rua...

-A placa da lancheria que fica do outro lado da rua.

-Tu tá falando que tem uma lancheria do outro lado da rua? E ninguém quer atravessar ali e pegar alguma coisa? E NÃO tá chovendo? Algum de vocês é foragido da polícia ou algo assim?
-É. Por quê? Tu iria?
-Claro que não! Eu botei 6 pilas pra vaquinha do Dog, tenho certos direitos...

-Pega o número, Pedro.
-'Cês tão achando que eu tenho cara de Office boy, estagiário, corinho?
-Com essa preguiça e essa barba mal feita, tu nos dá motivos...
-Tá, liga aí:TRÊS-SEIS-VINTE E TRÊS-QUATRO-OITO-NOVE.

-Aham, aham... Pedro?

-Oi.

-Que mais?

-Mais o quê?

-O resto.

-De quê?

-De que O QUÊ, CARALHO! Falta um número da lancheria.
-Ah, tá, tá... Mas eu não sei qual é.
-Não sabe como, cacete?!? Fugiu da escola em que série?
-Haha... Tem uma árvore na frente. Não tem jeito. Já tentei as outras janelas daqui, não dá pra ver.
-Mas que droga!
-Ah, não, meu!
-Báh, é isso... Morri, cara, não to aguentando, chama um padre e me dá uma extrema unção... Digo, chama uma prostituta e me dá a últimazinha, quero morrer como um homem deve morrer.
-Pára, olha só... São 10 números, se a gente tentar a sorte, dá pra acertar.
-Eu não tenho mais cartão no celular.
-Nem eu.
-O meu estragou. Eu botei na geladeira depois de uma festa, semana passada. Não perguntem.
-Tão fácil e ao mesmo tempo tão difícil, 'cês pararam pra pensar nisso?
-Não, acho que o meu cérebro tá sendo digerido pra me dar mais alguns segundos de vida antes de eu estrebuchar de inanição. Sério, não sinto minhas amídalas! Ah, espera, eu tirei elas ano passado.

-Acho que eu vou dormir.
-Acho que eu vou ligar pra virem me buscar.
-Acho que eu não vou resistir mais, cara... Vou fazer um Miojo, mesmo, foi mal, caras. Não pensei que fosse tão fraco.
-Nããão, meu! Isso é só pra emergências de verdade, e se a gente ficar sem comida um dia desses?
-Esquece, na próxima eu busco comida. Hoje não, hoje não.

-Tá, faz pra três.

Pedro levanta e liga o fogão. Coloca a água numa panela e tira os pacotes de macarrão instantâneo do armário, agora barriga ronca mais alto do que a tevê. 5 minutos e meio. Todos comem. Seguem três suspiro e um arroto. Paz na terra, novamente; não há guerra, não há mortes e as criancinhas africanas não trabalham como escravas para a Nike. A vida é bela e colorida novamente e tudo tem uma solução neste mundo: Miojo.

-Bá, cara, não tava aguentando. Juro que mais dois minutos e eu teria ido buscar alguma coisa na lancheria...

terça-feira, 8 de dezembro de 2009 Histórias de Reis e Rainhas, parte 2

-Mas quem autorizou esta bazófia?!?
-Foi a velha surda -disse um dos guardas, logo voltando seus olhos para o companheiro.
-Eu não acredito! Mas o General era nossa garantia! E agora está morto! Ah, se vocês não formassem um casal tão bonitinho, eu mandava cortar-lhes a cabeça!
-hehe, obrigado, nós sabemos...
-Mas então... Você queria saber das nossas intenções, não é mesmo?
-Eu quero saber é da minha cerveja e o porque dessa sala ainda estar uma bagunça se há mais de 12 mulheres aqui, sem contar as duas "purpurinadas", ali...

A expressão de todos foi mais ou menos: "Isso é pegadinha? Cadê a câmera?! Só pode ser pegadinha..."

-Recomendaria ao senhor que controlasse esse seu vocábulário, que quem está com o abacaxi no pescoço aqui, é o senhor mesmo.
-Que porcaria de ameaça é essa? Um abacaxi no pescoço?! E vão me torturar com o quê? me fazer lavar a louça que eu sujar se não entregar meu reino?!?
-Haha, senhor engraçadinho... Não lembro de ter casado com um bobo-da-corte, haha...
-Diga-lhe que iremos castrá-lo!
-Como assim, castrá-lo? De novo?
-Ele não é eunuco, guria! Ele só fazia amor com uma de nós, a mais "formosa", aquela piranha! Não gostava do resto! Ah, se ela não tivesse sido tão útil ao nos abrir os olhos, não teria pena de jogá-la no fogo junto com ele!
-Boa idéia! Jogue ele ao fogo!
-Isso! Fogo! Fogo! Fogo! Ai, tenho que dizer que antes eu não gostava de vocês, mas agora percebo que nós seremos melhores amigas pra sempre!

Arrastado pelos guardas portão afora, o rei é atirado em cima de uma imensa fogueira de São João. Não era época para festividades Juninas, mas o Rei gostava de ver a fogueira sempre acesa
durante o ano. Chame isso de ironia. Viu, só! Queima agora, maldito, queima! Anarquia! Punk Rock extremo! Uahr! É isso aí, porraaaaa!

-Não! Querida! Queridas! Me soltem-- Eu-- Amo todas vocês! Juro que sim! Aaaahhh!

Finalmente, depois de muito se debater e gritar, o rei desfalece em meio às chamas e seu corpo é consumido pelo fogo. O povo se ajunta em volta da fogueira, tentando entender qualé a daquelas malucas que botaram fogo no Rei.

-Qualé a de vocês, hein? Por que fizeram isso?!
-Como assim? Ele era um homem terrível! Explorava as pessoas e só se importava com seus próprios prazeres! Chegava em casa e ia logo pedindo "querida, cerveja!"; "querida, pernil!";"querida, meu banho está quente?";"querida, tire os pêlos da minha orelha!"
-Mas ele era sábio! E com ele, nós éramos uma nação estável e que continuava a melhorar mais e mais! Há 5 anos, 5 reles anos, não tínhamos nenhuma agricultura! Hoje são campos e campos! O que falar da segurança, então? Não havia mais crimes, pois a pobreza estava quase extinta! O que me diz disso?
-Bom, vocês não acham um crime ele usar um casaco de pele de animais? Cadê o respeito com a natureza?
...
-Pode ser um pecado capital, um crime, uma heresia, mas não fossem essas mantas, já teríamos morrido de frio!
-Então bota mais lenha nessa fogueira!
-Ei! Deixa essa conversa boba de lado! Diga-me, mulher, o que é que vai ser de nós! Quem vai assumir o governo? Não há nenhum grupo dissidente aqui, todos éramos a favor do rei...
-Eu te digo o que vai ser de vocês! Meninas, vamos lá!...

Foi então que as mulheres tomaram o poder, e depois o deixaram, instaurando uma república anarquista. Foi a primeira experiência de sucesso nesse tipo. Foram anos de alegrias, liberdade, fraternidade e tudo isso de graça, sem impostos, autoridades ou opressões de qualquer tipo. A ideologia foi se enraizando mais adentro da alma dos habitantes, e depois de alguns meses, até os mais velhos se entregaram à vida sem limitações e sentiram uma vez mais o fulgor jovem de estarem vivos e se abrirem à novas experiências.

Porém... Sempre há um porém. A fogueira estava mais alta naquela noite. Assim como a cabeça das pessoas. Estavam queimando dinheiro e uniformes da segurança (embora realmente fosse um crime queimar aquele terninho da luí vitoum, da coleção de outono daquele ano... Um cri-me!) e quaisquer outros adereços ou objetos que simbolizavam a submissão do homem à outros homens ou instituições. Vinho foi distribuído para todos e muitos dormiram ao relento, ao som de violinos e flautas que os outros, acordados (mas nem por isso mais sóbrios) tocavam. Não se sabe ao certo o que foi o causador, mas as chamas se espalharam e o castelo pegou fogo. Digo, literalmente. Não sobrou uma viv'alma pra contar história. Todos morti-nhos. Que pecado.

Notas: Há, logo no início do texto, uma inclinação machista do narrador, que vai "amolecendo" e, já no final, parece que compactua com as esposas, "muda de time". Achei muito interessante, já que não tinha percebido isso enquanto escrevia... Acho que acabei simpatizando com as personagens durante a escrita. Mas não amoleci, de jeito nenhum! Sou é macho! Eu juro! Eu... É melhor parar por aqui...

sexta-feira, 20 de novembro de 2009 Histórias de Reis e Rainhas, parte 1

Não se sabe ao certo até hoje, o que levou à queda do reinado do Rei * IV, O Queridão,durante o século XV, em uma região relativamente remota da Grande Britânia. O que se sabe, é que houve uma conspiração meticulosamente enjambrada para desestruturar o governo vigente e instaurar uma ditadura patriarcal de orientação religiosa onde valores como distribuir doces à crianças no Halloween e depois negá-las assistência odontológica só para transformá-las em adultos banguelas (pois assim desejava seu deus, o digníssimo e honrado "Azul, Banguela e Careca", ou ABC pros faixa). A proposta era boa, não há como negar. O que aconteceu realmente? Quem eram os conspiradores? Qual foi o fim da história? Ainda há espaço para outra piada? São perguntas que apenas a história responderá, aquela safada.

Enquanto ela não se manifesta, ficamos aqui com uma situação que bem que poderia ser a que aconteceu realmente:

O Rei * IV tinha doze esposas oficiais e todas compareciam aos eventos da corte. Certa vez, num jantar informal, um dos generais (o mais faixa do rei) do seu grande exército, perguntou para uma delas o porquê de ele ter a escolhido para ser a primeira esposa, que logo explicou que era pela sua incrível habilidade em lavar dois pratos ao mesmo tempo com uma esponja só. Naquele tempo se casava por conveniência, a vida era mais simples.

É claro que o grupo começou a cacarejar incontroladamente, dividindo impressões e motivos sem muita relevância até chegar em pauta o episódio da novela do dia anterior (exibido nos anfiteatros reais pela companhia teatral Globo). Então, com um bater de palmas, o rei, de saco cheio já, silencia suas esposas e pede outra cerveja. Ouve-se um resmungo ao fundo: "Gordo preguiçoso! Mamãe estava certa..." O rei ignora sorrindo e dá uma piscadinha para o general.

Numa atitude mais tendenciosa, aquela que deve ser a mais... "Formosa" esposa, aproveitou o silêncio coletivo para gabar-se:
-Ele diz que eu transo melhor!

Ouve-se apenas a risada do general e murmúrios de estranheza das outras esposas. O clima se torna pesado. O rei chama a segurança real:
-O negócio vai feder.

Do fundo, uma das esposas, a mais impulsiva, logo viu-se passada pra trás, e
-Mas ele me disse que era eunuco!
...(silêncio constrangedor)
...(o general tenta esconder as risadas com a mão)
-Eu sabia!
-Seu cachorro! Quero o divórcio!

-Grande bosta! Eu nunca te quis mesmo!
-Puta!

-Não falei, não falei? Falei, não falei?!? - De fato, a #2 tinha falado. Mas sendo a fofoqueira do reino, ninguém dava um tostão pelo que dizia.
-O que é "eunuco"?
-Como é quié?! -esta era surda.
-E não é?
-É, falou o mesmo pra mim!
-Comigo, o mesmo

-Pra mim, também!
...
-Mas você é irmã dele!
-E o que isso tem a ver?
-Como é quié?! - a surda, mais uma vez.
-Calaboca, sua velha surda!
-Olhaqui, não me chama de gorda, sua vaca!
-Quem você está chamando de vaca, sua vadia do caralh*?
-Elba Ramalho de c* é rolha.
-Ai, é impossível da gente se entender, de tão surda que é!
-Como?!? Sim, sim... Com duas colheres de açúcar, por favor.
-Ah, deixa pra lá.
-Café ou chá? Se decida logo, menina...
-Eu vou buscar logo seu chá, anciã.
-Ah, vá você!

Ao levantar-se, a esposa #7 nota que o Rei está tentando sair na maciota, e alerta as outras:
-O REI ESTÁ TENTANDO SAIR NA MACIOTA! - a #7 era daquelas que falavam a primeira coisa que dava na telha.
-Segura ele, que a casa vai cair!
-E pega o general bonitinho também!
-Ah, garotas, obrigado pelo elogio, mas creio que isto não será necessá-- Thwump!

Armadas com frutas e vegetais, a legião de esposas habilmente domou os seguranças, que se chamavam Adolfo e Benito, e -pasme! Eram um casal gay. Puxando um papo sobre o vestido de uma delas, depois de uma longa discussão, chegaram à conclusão de que cetim é di-vi-no e usar seda é como "vestir uma roupa feita de prazer"; Também decidiram que os seguranças teriam direito a um guarda-roupa para cada estação e que nunca repetiriam a combinação do ano passado.

Depois de liberados os seguranças cor-de-rosa, que agora observavam tudo de mãos dadas e apoiando a cabeça no ombro um do outro, o harém voltou ao ponto de partida, o rei e o general.
-Agora vocês são nossos reféns! Obedeçam nossas ordens ou vão sofrem as consequências!
-Quais são as suas reivindicações?! -bradou o rei, confuso e furioso por estar confuso.
-As nossas reivindicações?!? Hm... Queremos a paz mundial, o respeito entre os povos e que a China e os outros países comunistas como Coréia do Norte e Japão percebam que estão errados e sendo ruins para sua população endêmica.

...

-ACABA COM ESSA PUTA DE UMA VEZ! - Bradou a esposa surda, confusa e furiosa por ter deixado derramar chá na sua roupa nova.
-Querida, você é a coisinha mais linda dessa cidade-estado inteira! Teu rostinho seria perfeito se detrás dele houvesse algum resquício de cérebro...
-Alguma coisa me diz que você está ironizando as minhas palavras. Você não fazia isso, você mudou, temos que discutir a relação, porque assim, não dá.
-Na verdade, sou eu, a esposa #3, quem está dizendo isso pra você. E estou bem aqui atrás.
-O QUÊ?!? TERRORISMO POR ANTRAZ??! - a surda, uma vez mais, em um ataque de fúria. A jugular do pescoço da velha se dilata e, tal qual um homem-bomba, parece querer explodir.
-Queridas, que tal me soltarem e veremos o que podemos fazer acerca disso, ok?

-Tudo bem, mas e o que faremos com o General?
-Não sei, primeiramente, apenas me solte que eu estou com um pouco de dor nas canelas...
-Boa idéia! JOGUEM ELE PELA JANELA! DEFENESTREM-NO! - a surda berra ensandecida, espumando pela boca, já com sintomas de raiva canina.

Os guardas de pronto atenderam às ordens da velha surda e largaram o pobre generalzinho, que ainda era virgem e tinha jurado dar umazinha antes de morrer. A vida é injusta e seus sonhos se despedaçam antes que você perceba. Chupa essa, Augusto Cury.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009 Obstinação Indomável

Ricardo Cross-Kraemer Harmônico, ou Dinho C. K. H., era intrincadamente perseverante. E era perseverante por ser vaidoso. E era vaidoso por ter as sombrancelhas não-tão-bem separadas, havia uma ponte peluda e negra onde deveria haver apenas a curva do nariz. "Se a cara não ajuda, a fama tem de fazer o dobro do trabalho". Palavras de Ricardo.

Garoto obstinado, sem dúvida.

Tudo isso porque ele tinha colocado na cabeça que iria fazer o que muita gente nunca chegaria a imaginar que pudesse mover tamanha massa humana em prol de um único objetivo: resgatar a garantia de uma tevê.

Um objetivo.

Não era dos melhores, nota-se. Mas ele era obstinado, jovem, parcialmente calvo (mas só no topo da cabeça) e além de tudo, seu carisma fazia dele um bom negociador. Obviamente, o coordenador do setor administrativo da empresa faria isso num instante. Acontece que Ricardo não era mais o coordenador do setor administrativo da empresa. Ele havia perdido o emprego, e justamente por ter falhado nessa tarefa. Ricardo estava puto da vida. Acompanhemos:

-Oi, em que posso ajudar?
-Hehe... Ehr, oi, eu vim aqui antes e--
-Neeeeeeidê!
-Ah, você me reconhec--
-NEIDEEEEE!
-Escuta, eu só preciso d--
-NEIDÊ!
-Se ela não estiver, não tem problema eu volt--
-Só um momento, por favor.
Uma voz vinda de longe chega estridente, o tom exato que faria uma bagunça numa vidraçaria. Os ouvidos de Ricardo explodem a cara nota alta alcançada pelo esguio e admiravelmente ruidoso ser humano que é Neide. E daqui, todas as escalas parecem altas, altíssimas, astronômicas. Ricardo fica surdo de um ouvido:
-FALA, MENINA!
-O CARA AQUELE TÁ AQUI DE NOVO!
-O JEAN?
-NÃO, O CARA D--
-O SEGURANÇA?
-NÃO, NADA A VER... É UM CLIENT--
-OLHA, SE FOR O SEGURANÇA, MANDA ELE ESPERAR LÁ FORA QUE O MEU MARIDO AINDA TÁ AQUI!
-NÃO, O CARA DA TEVÊ!
-QUEM É QUE VEIO ME VER?!? FALA LOGO!
-O-CARA-DA-TE-VÊ!
-COMO ASSIM, DE ALGUM PROGRAMA? O PORTIOLI DA SBT?
-NÃO É, NÃO TEM NADA A V-- CARAMBA, NEIDE, VEM AQUI!
-O QUE É? O que é? Não tá vendo que eu tava faze-- Ah, maravilha... É o cara da tevê. Por que não me avisou logo, Lorení?
-Com licença, eu preciso--
-Eu tentei te falar, eu tent--
-Quando?
-Como?
-Quando?
-Quando o quê?
-Desculpem, mas eu--
-Quando tu me avisasse, mulher?
-Agora, agorinha, mas tu não me ouviu.
-Agora?
-Agora há pouco.
-Sim, mas então eu não ouvi.
-Sim, eu percebi.
-Mas então a culpa não é minha, nem tem como.
-Não disse isso... Eu só falei que eu tentei te falar e tu não me ouviu.
-Não, eu ouvi, mas não entendi, é diferente.
-É a mesma coisa, é a mesma coisa... Além disso, por que tu mencionou o segurança? O bonitinho, aquele...
-Ei, escutem, eu precis--
-Que segurança? Tu é que não entendeu direito, eu falei que--
-Eu ouvi bem, tu perguntando dele, se tinha vindo falar contigo e tarãrãn... Menina, ele é casado, viu! e tu também.
-Calaboca, guria, não fala besteira... Olha só, me acusando, me caluniando, onde já se viu?... Mas escuta, o que tu queria, afinal de contas?
-Ah, é mesmo!... Ei, aonde ele vai? Moço! MOÇO! Foi embora...

Ricardo desistiu, sabia que este dia iria chegar. E foi então, que, percebendo a impossibilidade de levar o caso adiante, Ricardo pensou: "Tudo isso só por causa de uma tevê? Eu nem assisto à tevê!".

Enquanto a chuva fina molhava seus óculos, pensava: "Eu estou pensando comigo mesmo demais, vou parar enquanto ainda estou são". E não pensou mais nisso pelo resto do dia.

Na saída, desolado por encontrar-se diante de seu primeiro fracasso, parou na porta. Carregava uma tevê analógica, grande e pesada. Estava chuviscando, o carro estava longe, longe demais para se carregar um televisor sem se molhar um pouco. Ricardo puto é uma coisa feia de se ver. Se torna desatento e irritadiço, propenso a erros estúpidos.

A chuva ficou mais forte. enquanto carregava a tevê, o fio escapou da sua mão e ele pisou em cima. O aparelho foi ao chão com força o bastante para quebrar a tela. Sem pestanejar, esticou a perna para chutar a tevê longe, no pico da ira. Perdeu o equilíbrio e caiu de costas no meio da avenida. Ele começou a chorar de desgosto. A tevê olhava para ele come se risse de sua ineficiência em se livrar dela. Dava pra ver seus transístores cheios de emoção para agradar a família inteira, seus circuitos eletrônicos criados especialmente para domar as crianças, seu coração programado para lavagem cerebral e doutrinação do espectador... Ela estava ali, estrebuchando. Mas ria de Ricardo, um teimoso patético.