Bêbados, psicanalistas, sexo e noites insones; Ovos mexidos, diálogos pós-morte e pessoas que têm merda na cabeça; Animais da fazenda, Afrodescendentes cheios de lascívia e pescarias. É isso que você encontra por aqui.

quinta-feira, 24 de julho de 2008 Capitão Vagabundo e Suas Vagarosas Aventuras

Capitão Vagabundo começava o dia procrastinando o ato de acordar. Ficava lá na cama, procrastinando, até umas 3 da tarde. Acordava bem na hora da Sessão da Tarde. Pena que acabava dormindo na metade. Acho que nem chegou a ver Os Caça Fantasmas inteiro... E tinha até uma teoria: "Todo filme bom deve ter diálogos inteligentes e bem-pensados. É nessa parte que eu durmo."

Às 6, 7 horas da tarde, dava uma pausa pra um lanchinho reforçado: Aveia com leite. Quando possível, algumas fatias de banana. Se não, cortava um pepino em rodelas, bem crocante assim. Sob o efeito deste poderoso laxante natural (e livre de Gorduras Trans), Capitão Vagabundo relaxava em cima do troninho por horas.

Não era nem Liberal, nem Conservador. Democrata ou Republicano. Deus ou Diabo. Meio-Amargo ou Ao Leite. Star Wars ou Star Trek. Fusca ou Belina. Axe ou Rexona. Ia no bar e pedia uma Coca, mas não se importava se viesse Pepsi. Era um mal resolvido, assim mesmo. Lia Veja e Minha Novela, pra não parecer nem muito formal, nem um gozador.

Tinha Ergofobia, mas uma sorte do cão. Tudo que precisava, ao seu tempo, literalmente caía do céu. Uma vez a cafeteira enguiçou. Não demorou dois dias, um tornado mandou uma cafeteira nova, janela a dentro, quando ele tinha esquecido de fechar a casa pra viajar.

Capitão Vagabundo, mesmo que não aceitasse o título, era um Anti-Herói. Era um péssimo exemplo para as crianças, mas acabava fazendo um bom trabalho. Quando alguém gritou por socorro, certa vez, estava dormindo na rua, bêbado. O ladrão pisou na sua Vodka e aterrissou de nariz no chão. A cena foi feia, mas ganhou fama por isso. Mais tarde, contavam-se 12 meliantes distraídos e 2 atentados terroristas impedidos pelo Supra-Sumo da falta de vontade.

O PCC perdeu força quando o carro dos comandantes da quadrilha tiveram os pneus estourados ao passar por cima de pregos convenientemente esquecidos no meio da rua, em frente à delegacia; ali, do lado da casa do querido protagonista, onde estava ele fixando a cerca do jardim quando deixou-os caírem, de porre. Na verdade, até hoje não martelou mais nada lá. A madeira jaz podre e os pregos oxidados pela exposição ao ar continuam no meio da rua. "Por precaução", é claro.

Ganhou até a chave da Cidade, certa vez. Mas perdeu, assim como a medalha de "Cidadão Honorário", o troféu de "Personalidade do Ano", A Palma de Ouro de "Ator Masculino-Revelação" e o CD autografado do Roberto Justus que recebeu por enganado dos Correios. Dizia que tinha os guardado na "Vagabundocaverna". Na verdade, uma vez foi se mudar e o caminhão tombou no meio de uma favela. Saquearam toda a carga. O que sobrou mesmo foi o quadrinho com a caricatura do Chacrinha, dado pela ex-sogra. E o CD do Justus.

Apesar de ter sido várias vezes homenageado, ainda era muito humilde. Pudera... Quando perdeu todo o dinheiro da Mega-Sena jogando truco na praça, sua auto-estima foi pras cucuia. Não conseguiu se sentir orgulhoso nem quando ganhou a Corrida do Porco, acirradíssima competição e um dois maiores atrativos turísticos da cidade. A verdade era que Cap. Vagabundo era um homem simples, honesto, um pouco calvo no topo da cabeça e possuía um senso de "Certo e Errado" que raramente falhava. Procurava ser justo com todos, embora uma vez não devolveu um troco a mais no mercado. Foi um grande ser humano, um benevolente trapalhão, um sortudo altruísta e, ainda por cima, um coroinha exemplar na infância. Morreu semana passada, atingido por um galho, enquanto fazia uma trilha de bicicleta num dos morros do interior. No jornal, uma nota no rodapé, com erro de ortografia.


"-Mas o velhinho me roubou..." - Disse ele.

1 comentários:

Anônimo disse...

Simplesmente engraçado pra caralho.