Bêbados, psicanalistas, sexo e noites insones; Ovos mexidos, diálogos pós-morte e pessoas que têm merda na cabeça; Animais da fazenda, Afrodescendentes cheios de lascívia e pescarias. É isso que você encontra por aqui.

quarta-feira, 7 de maio de 2008 Pânico no Condomínio - Dia 1

-Olá! Bom dia!
-Óh... Tudo bem? Comoéquevai?
-Legal, legal... Tudo bem.

É claro que podia ter terminado o diálogo agora e voltar pela porta que acabou de sair, deitar na cama quentinha que te espera e talvez tomar o mesmo café forte demais que ainda não aprendeu a fazer decentemente. Mas seus instintos básicos te chamam. Você quer sangue. Quer reclamar seu trono como macho Alfa. É como num daqueles filmes de suspense: "Paulo Tigre está aqui!", você pensa... E logo depois sai correndo atrás dele pelos corredores vazios com um machado.

Recolhe o jornal e, ainda agachado, capricha no cinismo do sorriso e encara ele enquanto dá às costas. Quase ri alto demais e estraga o momento que vem planejando desde que lhe falou pela primeira vez. Sente pena do desprezo que mostra por ele e alarga ainda mais o sorriso e, quando encosta na maçaneta fria, é como se os céus tivessem ouvido suas preces. Deus do céu!!! O arrepio que sobe a espinha, os pêlos eriçando pelo seu braço, as mãos suadas... Você tinha tudo isso em mente, só estava esperando essa oportunidade de pôr em prática.

Ah, seu maldito sacana!! Safado gênio maquiavélico!! Nem Darth Vader em sua frieza intergalática deixaria de se curvar ante sua crueldade infinita... O quê não daria pra ter feito tudo isso antes, quando tinha recém comprado aquele imóvel, hein?! Alimentar o ódio e o caos mútuo naquela vizinhança, hein?! Todo mundo precisa de um pouco de emoção de vez em quando, não é?!? Então por que não você? Por que não agora?!

Você poderia ser capaz de chorar de excitação, a adrenalina te deixa sem ar... É como pular de um trem em movimento, mas sem todo aquele negócio de se estabacar no chão e rachar a cuca... Não... Você pode sentir... E gosta disso. Sente que a presa está tensa e fica fazendo joguinhos, observando e cercando aquele pequeno e ingênuo ratinho, como nos documentários do Discovery, preparando-se para dar o bote e transformá-lo no prato principal saboreado lentamente; no espirro que faz o nariz coçar antes de sair...

Quando finalmente desmancha a fumacinha do lado diabólico e obscuro de si próprio, fecha a porta e recolhe a mão vagarosamente, pra fazer onda. Num movimento digno de nota, esmaga o dedo e solta um grito gutural, daqueles que vêm das entranhas. Pra finalizar essa cagada de proporções faraônicas, deixa escapar o jornal pra fora da porta. Depois, ouve uma gargalhada forçadamente sonora e a porta bate.

BABACA!! IMBECIL!!! MENTECAPTO!!!! Ai, ai... Então, sem hesitar dá uma cabeçada na parede. E denovo. E denovo. E agora tem sangue ali. E nessa sua imensa inutilidade intelectual, sai caminhando a passos acelerados pro banheiro, ver o tamanho da burrada. Durante a longa viagem, lembra que tudo podia ser evitado se simplesmente fosse falar com ele, resolver calmamente, sabe? E também que todo esse drama poderia ser evitado se não tivesse saído da casa da mãe, onde não precisaria comer comida congelada todo fim de semana, e onde nunca falta sabonete quando vai tomar banho. Falando em sabonete, você levanta do sofá e lembra que ía no banheiro. Nada de curativos, você esmagou uma espinha. Simplesmente ridículo.

Enquanto caminha para o quarto, o telefone toca. Quando volta pra cozinha para atendê-lo, ouve o vizinho caindo de rir... Se mijando, mesmo. Você tinha acabado de acordar faziam 20 minutos, e mesmo assim, se manda pra baixo dos lençóis como um cachorrinho com o rabo amarrado à latinhas de Coca; um garotinho correndo do chinelo depois de quebrar o aparelho de som do pai. Francamente... Mal começou o dia e você já está no fundo do poço.

Fim do dia 1.

5 comentários:

Anônimo disse...

nem li mas achei ridículo!

Iris Engelmann disse...

Essa foi uma historia sobre o Antônio?

Paulo H. disse...

Essa foi uma sátira ao sentido e o valor que o ser humano dá pra coisas pequenas e mundanas, enquanto um mundo enorme e indiferente a nós acontece. O personagem é mesquinho, anti-social, orgulhoso e não dá o braço a torcer por nenhum tipo de virtude. Ele pode ser o modelo de pessoa do presente. Pode ser o contrário, um exemplo de como não evoluir. Mas ele não tá nem aí.

É só mais um ser humano comum. Não há nada mais por trás disso.

Anônimo disse...

A capacidade , melhor, a habilidade de interpreta;ão deste blog é para poucos, melhor, para apenas aqueles que o fazem. Nós, seres inferiores, nunca teremos o prazer de desfrutarmos das reflexões dos deuses do olimpico monumental ou de um aristóteles, epicuro, martin luther king, don king, king kong, kung fu, pato fu, qualquer.


"Somos todos normais, nossas mães que disseram"

Anônimo disse...

ah intão é porriso qi eu não intendi esse texto
foi porisso






salve o mestre pokemon back in black!!!!!! "amén"